Por Arnold Schwarzenegger*
Para um fisiculturista principiante, a maior parte do treinamento
deve ser realizada com pesos livres. Vivemos em uma era tecnológica, e
os aparelhos de exercício projetados e fabricados hoje estão melhores do
que nunca. Mas seus músculos foram desenhados pela evolução para
superar a força da gravidade mais do que para agir contra a resistência
da máquina, dessa forma os maiores ganhos que você obterá no
desenvolvimento de tamanho e força virão do treinamento com pesos – da
utilização de haltere e de barra com anilhas – e não dos exercícios em
aparelhos.
Forçar o corpo a levantar contra a gravidade, coordenar e equilibrar
grandes quantidades de peso dá a ele uma estrutura e uma qualidade que
um treinamento relativamente leve e de alta repetição sozinho não
proporciona. Uma matéria no Journal of Strength and Conditioning
Research indica que a produção de testosterona é aumentada quando você
realiza exercícios com pesos livres para grupos musculares grandes em
que utiliza e coordenar vários grupos musculares ao mesmo tempo, como o
agachamento, o levantamento terra e exercícios que hoje são menos
realizados, como o Power Clean. A produção de testosterona não aumenta
similarmente com exercícios de isolamento com peso livres – ou treinando
em aparelhos. A testosterona é anabólica; e, com mais testosterona em
seu sistema, você fica mais forte e pode desenvolver músculos maiores
mais facilmente.
Mas o fisiculturismo ocupa-se em esculpir os músculos bem como
torná-los grandes e fortes. Pesos livres dão ao fisiculturista
experiente a liberdade de isolar certos músculos e trabalhar o corpo de
várias formas criativas. Eles também permitem que pessoas de diferentes
alturas, pesos e proporções tenham um treinamento completo, embora
muitos aparelhos pareçam ter sido planejados somente para satisfazer
aqueles que representam o cliente “médio” de um spa de saúde. Mais uma
vez, deixe-me enfatizar que não sou contra os aparelhos. Joe Gold, que é
um especialista quando se refere a equipamentos de exercícios, encheu a
World Gym com vários aparelhos úteis. Hoje em dia, quando vou a
diferentes academias e utilizo uma variedade de aparelhos diferentes,
considero-os maravilhas da tecnologia. Antigamente, utilizávamos
aparelhos resistentes ao ar e a água; e atualmente voltamos a utilizar
um modelo mais básico, mas cem vezes melhor do que os anteriores. O
pessoal das companhias como a Cybex e a Hammerstreangth, assim como os
outros grandes fabricantes, trabalham arduamente para criar aparelhos
que funcionem bem e sejam bons de utilizar. Foram-se os dias que alguém
simplesmente soldava algumas peças de metal para utilizar um aparelho
que não operava com suavidade, que atingia as marcações finais antes de
passar para uma amplitude de movimento completa, era complicado de usar e
sempre tinha algo errado.
Eu utilizo muitos aparelhos nas minhas sessões de treinamento. É
óbviamente impossível conseguir o desenvolvimento completo das coxas,
por exemplo, sem um aparelho de extensão de pernas ou flexão de pernas,
ou isolar totalmente a região peitoral sem utilizar um voador direto ou
cabos. E é possível estimular o corpo a um crescimento acelerado se
ocasionalmente você utilizar um aparelho ou circuito de aparelhos a que
não está acostumado em vez de um com pesos livres para essa região
corporal. Mas acredito que um bom programa de fisiculturismo deva
incluir não mais do que 30 ou 40% de treinamento(no máximo!) com
aparelhos. Certamente uma flexão tem melhores resultados se realizada
com halteres ou uma barra com anilhas por causa da maneira que você pode
isolar e estimular o bíceps; mas seria difícil trabalhar realmente o
grande dorsal sem um aparelho de puxada por trás, ou fazer pressões para
o tríceps sem cabos.
Além disso, se você parar para pensar, os aparelhos mantêm a
resistência funcionando em um plano apenas, o que significa que o
músculo tem que fazer as coisas do jeito do aparelho ou não fazer. Sem a
necessidade de equilibrar e controlar a resistência, você acaba
utilizando menos músculo. Mas a idéia do fisiculturismo e do treinamento
de força é utilizar a maior quantidade possível de músculos, então isso
não é de maneira alguma uma vantagem. É verdade que um músculo não
“sabe” que tipo de resistência ele está trabalhando para superar. Nesse
sentido, resistência é resistência. Mas o músculo de fato reage
diferentemente se for constantemente sujeitado à resistência advinda de
ângulos variados e diferentes direções, opondo-se à resistência que está
sempre ao longo de uma linha previsível. E Franco Columbu disse-me que,
nas suas sessões de quiropraxia, a maioria dos tendões musculares e
lesões articulares que costumava ver ocorrer eram o resultado de
utilização de aparelhos que submetem o corpo a estresses que não são
naturais, que colocam você em uma posição excessivamente rígida.
Os músculos foram desenvolvidos para trabalhar contra a força da
gravidade. Se vivêssemos na Lua, precisaríamos de apenas 1/6 da
quantidade de músculos de que precisamos na Terra, cuja a gravidade é
maior. Em Júpiter, teríamos que ser como elefantes para nos mover!
Levantar algo nos dá experiência do “pesado”. Empurrar um peso ao longo
de uma pista não é a mesma coisa; nem fazer pressão contra uma parede
fixa – você está se deparando com uma grande resistência, mas ela não é
“pesada”. E isso significa que seus músculos não estão respondendo tão
completamente como são capazes.
Se tiver treinando em algum lugar que não tenha pesos livres de que
você precisa para seus exercícios, e não há nada que possa fazer a
respeito, utilize o que tiver para completar o seu treinamento. O ponto
fundamental é conseguir realizar seu treinamento, não importa como. O
que quer que funcione serve e, como fisiculturista, isso é tudo com que
você tem de se preocupar.
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